quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O Sexo e o Trabalho

Para quem não sabe ainda, a princesa está desempregada!
Aparte o estigma e os longos dias de sol e chuva passados a arrumar gavetas, tudo bem.
Fui recentemente convocada para uma reunião, no centro de emprego mais próximo, cujo nome era muito in, Procura Activa de Emprego.
Fiquei impressionada com a coisa.
E ia cheia de esperanças e planos com perguntinhas escritas no moleskine com espaço para resposta e tudo. Eu ia arrasar!
Devo ter pensado, por momentos, que estava num outro país que não este. Num daqueles onde os técnicos de emprego são mesmo técnicos de emprego e não estão duas horas e meia a despejar decretos lei e a dizer: " Não fui eu que fiz as leis. Eu só estou a transmitir a legislação. Se quiserem reclamar, não é durante esta reunião blá blá blá. Peço que não falem, pois eu vou esclarecer todas as duvidas à medida que for falando". Eu também devo ter sonhado que no meu país dentro do mesmo centro de emprego os técnicos de emprego já sabiam qual era a formação de cada uma das pessoas a quem enviaram as cartas e que não iam enfiar numa sala 20 pessoas com formação e idades tão diferentes. Então, e agora no país real, segundo as estatísticas e assim por cima ficámos em: licenciados: 2 ( 34 e 35 anos); 12º ano: 1 (36 anos); 9º ano: 14 ( de 20 a 54 anos); 6º ano: 1 (24 anos); 4º ano:2 (48 e 51 anos).
Com todo os respeito que tenho por quem não teve oportunidade de estudar, podiam evitar este tipo de situações. Os problemas, as necessidades, as dúvidas, a indignação, as referências, os pontos de vista são completamente diferentes. Perde-se tempo com estas reuniões e a sensação de impotência aumenta para uma pessoa cuja formação é menor, pois se ali estão aquelas aves sustentadas a pão de durante anos que estão em casa, imaginem eles que só fizeram parte do percurso...
Aparte as situações caricatas do imaginário desempregado, que mora em Elvas e vai a Espanha pôr gasolina no carro por ser mais barata e que está a cometer uma ilegalidade, pois temos sempre que transmitir ao centro de emprego toda e qualquer ausência do país, pouco mais aconteceu. Aqui senti-me como uma fora de lei, não só tenho de me apresentar na junta de freguesia quinzenalmente para trocar papéis com alguém que também não tem qualquer formação para o efeito, como não posso sair do país sem avisar.
Não escrevi as respostas no meu moleskine preto com elástico. Mas deram-me um dossier todo transparente e cheio de procedimentos. Quando ler com a devida atenção, partilho.
Por fim, houve alguém que me deixou muito triste com o género gaja. Uma tal senhora, daquelas que tem opinião para tudo disse duas ou três preciosidades que me fizeram querer saltar-lhe para o pescoço:

A primeira: " Uma mulher até pode ganhar 400€, agora um homem, um homem tem sempre que ser mais compensado pelo trabalho."
O que eu lhe queria ter dito: "Por isso é que o mundo está como está, filha. Também achas que as mulheres devem ganhar menos? Ou que não devem trabalhar? Podias dispensar o subsidio de desemprego e ficavas a cozer meias em casinha?"

A segunda: " As mulheres podem ficar com os filhos em casa, mas não vou deixar o meu filho a dormir em casa com o meu marido, enquanto vou fazer um turno de madrugada."
O que eu queria ter respondido: " Desde que não vás atacar sendo o teu marido contra o facto, acho que não há problema! Tens medo de quê? Que a criança com doze anos se desunhe a chamar por ti no berço e se afogue em lágrimas? Ou não confias no marido?"

Será possível? Esta mulher está a educar um rapaz, que vai ser homem um dia! E que homem! Não posso acreditar que ainda se encontrem mulheres machistas. Ou será que a formação escolar é proporcional ao sentido de justiça social? Fiquei indignada com isto.
A princesa está desempregada, mas não ficou mais estúpida.

3 comentários:

  1. Fiquei muito desapontada. Ao ler o título pensei, olá, isto promete! Trabalho e Sexo, Sexo no Local de Trabalho, Assédio Sexual, Infidelidade Laboral, enfim, tudo o que é "maluqueira" me passou pela cabeça, sabes como eu sou, sempre pronta para opinar sobre "SEXO"!!! Depois, fiquei mal-disposta, irritada, pôdre, mesmo. Não há palavras para descrever esta gente que partilha connosco a nacionalidade. Sabes que te digo? P*ta que pariu as gajas, essas tipas que andam a educar a próxima geração cheias de ideias pequeninas e retrógradas. Pronto, estou piursa. Para a próxima, fala do Kama Sutra. Beijos

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  2. Por Portugal fora!
    Em breve (antes das proximas eleições) vão nos dizer que foram criados 500 000 postos de trabalho novos...Em breve todos os portugueses vão ter emprego! Acredito mesmo no pregão que vai surgir!

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  3. Com aqueles quilos todos a mais duvido que o Kama Sutra lhe valha de alguma coisa Jade. Cada um tem o que merece e ela não merece um Sutra na Kama. LOL

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