quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A escola do meu filho

Todas as mães experimentam esta conversa vezes suficientes para se irritar e alegrar em número igual em cada conversa. A tal discussão acerca das escola, escolinhas, infantários, etc e tal.
Eu, quando tive de escolher não me dei a grande trabalho, escolhi a que estava mais perto, a que tinha mais espaço envolvente para brincar, a que estava dentro da vila, a que alberga meninos de todas as origens. E, depois descobri que a escola do meu filho é a escola. Porquê? Porque de cada vez que tenho a tal conversa com as minhas amigas ou colegas de trabalho, ou simples conhecidas, fico com uma série de certezas que no início das ditas conversas são só delas.
Assim, passo a enumerar. As fardas e os bibes e os chapéus, fora do contexto escolar, não interessam para nada a não ser para mostrar e para estratificar.
Isolar as crianças em vivendas, longe da povoação, retira-lhes a oportunidade de andar a pé pelas ruas da vila e experimentar o que a vida nas ruas tem para oferecer. Nomeadamente, ver as cores da rua, os artigos expostos à porta das lojas, aprender a atravessar no sitio certo e a caminhar em ruas com carros "ENCOOOSTA!", construir um mapa mental das ruas à volta de casa e da escola e aprender os caminhos.
O respeito pela diferença deve ser trabalhado dia a dia para formarmos adultos tolerantes a dispertos para essa diferença, assim, estar integrado em turmas multi comportamentais, inventei este termo agora, apesar de tudo, torna as nossas crianças mais resistentes e preparadas para o mundo lá fora.
Nem todos os meninos podem comer de tudo e há alguns que são alérgicos a coisas tão corriqueiras como um beijinho cheio de manteiga na boca de um coleguinha que resulta em borbulhas na cara. Na escola do meu filho há ementas para todos estes meninos que têm intolerâncias alimentares sem que eles se sintam assim tão diferentes, mas antes integrados, pois os pais não têm de se preocupar com marmitas e termos de comida preparada.
Durante as férias grandes de outrora, os nossos filhos têm de ficar na escola de todos os dias e esperar pelas nossas férias. Na maior parte dos casos que conheço aqui à volta, no verão as escolas param e não há grandes actividades. Na escola do meu filho houve sempre actividades durante o verão. Foram afixados os programas semanais que incluíam dia de cinema, dia de culinária, dia de trabalhos e por aí fora, ocupando os dias das crianças sem que se sintam fartas de por ali estar porque os colegas já foram de férias e eles não.
Quando a conversa chega a este patamar as minhas adversárias de debate dizem sempre qualquer coisa, como "ah, mas eu posso sempre entra a qualquer hora na escola e ir à sala do meu filho!". Pois, mas ali há gente a trabalhar e tem de haver alguma ordem, certo!? Eu também posso, mas é claro que tenho de cumprir normas e mostrar ao meu filho que não passo por cima de ninguém e não interrompo a não ser que seja mesmo necessário.
No fim, fico sempre com uma sensação de vitória, porque sinto com toda a certeza que a escola do meu filho é , para mim e para ele, a melhor! Lá há uma continuação do ambiente familiar, há espaço para a imaginação e para a criação, para o respeito pelos outros e para a tolerância!
Obrigada