domingo, 29 de março de 2009

Irrita-me

Gosto de livros. Quando era miúda, e copiava letras do jornal à vista, ficava encantada a ver os adultos de nariz enfiado nos livros por horas a fio, movendo apenas os braços, para passar as páginas, e a cabeça num ínfimo ângulo entre uma página e outra. Depois aprendi a ler e até fui estudar algo que me permitiu ler até mais do que desejaria. Tóxico.
Resultado, fico com urticária quando alguém não os trata da mesma forma que eu fui levada a aprender.
De cada vez que entro em certos lugares onde vendem livors, só me apetece bater em alguém.
Hoje, por exemplo entrei numa daquelas lojas arrumadas dentro das grandes superfícies, mas longe dos baldes de plástico e do pão, como se isso fizesse a diferença. Depois de comprar tantos detergentes e coisas de que achamos mesmo precisar para combater as desgraçadas das bactérias e dos micróbios raios me partam se não tinha dinheiro para comprar um livro.
Lá fui!
Olhei para as prateleiras e lá vi o parvalhão do josé rodrigues dos santos, que digam o que disserem não tem tempo para escrever aquelas porcarias todas e escreve MAL. ( pronto já disse!) E pensei, olha e se fosse procurar o terceiro volume daquela história da Agustina, era uma boa... letra B... nada. Fiquei pregada ao chão quando descobri que estava em Luís e não em Bessa-Luís. Opá tem um hífen... quem é que arruma aquilo afinal? Sim, e o Lobo Antunes estava em Antunes... Podiam dar formação às pessoas ou então enviar já tudo marcado com um croqui da loja indicando com setas coloridas onde pôr cada autor. Paulo Coelho cabe em todo o lado, mas não em literatura portuguesa. Lá trouxe o Mia Couto, que pergunta "E se Obama fosse africano?". Depois das missangas é lá que vou afundar o nariz.
Outra coisa que me tira do sério é perguntar à menina do super mercado se tem tal livro e ela perguntar, muito presunçosa:"Sabe qual é a editora?". Claro que não! Os livros não são como as pastas de dentes ou os iogurtes, não se escolhem pela marca, a diferença, como dizia o outro, está na fruta. Gosta-se de um autor queremos ler um conto, ou novela, ou outra coisa qualquer e depois lá ficamos surpreendidos com a embalagem, que pode ser singela ou muito espampanante. Mas não se escolhe por editora... Podiam explicar isto às pessoas que são repositoras de livros em grandes superfícies. Não é a mesma coisa que pôr frascos de champô na prateleira. Não é!

domingo, 15 de março de 2009

Está tudo de rastos...

Os pais príncipes estão extenuados de andar a levar o pequeno príncipe às festas de anos. O príncipe está a sonhar no seu ninho.
Alberto está convalescente e ainda nem percebeu o que lhe aconteceu.
Todo o principado vai dormir.
A questão do momento:
temos mesmo de fazer amizade e ser simpáaaaaticos para os pais dos amigos dos nossos filhos?! Na mapetece....

sexta-feira, 13 de março de 2009

Os homens da casa...

... estão hoje mais tristes. O Alberto foi ao veterinário para ser castrado. Tadinho.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Serra mãe

Há já quase um mês que o Aldino morreu. Causa: acidente de trabalho.
Aconteceu-lhe o que poderia acontecer a qualquer um de nós. Morte estúpida e precipitada.
Sobre ele, sabia que era de direita, (para mim) um perfeito fascizóide, e, por isso o menosprezava... adiante. Frequentámos os mesmos lugares, os mesmos amigos, habitámos o mesmo espaço geográfico, líamos admirando Sebastião da Gama, nutríamos a mesma admiração pela serra mãe, Arrábida de seu nome, matéria prima e vítima do betão tão criticado e preciso. No entanto, não posso dizer que fôssemos amigos, conhecidos antes.
No seu funeral ouvi falar num blog e dos textos que escrevia para esse blog. Só anteontem fui ver este blog. O blog do Aldino, que escrevia desde 2003. Ao ler alguns dos seus posts vejo que era afinal um homem sensível, atento, aberto ao mundo, com ideias e abordagem à vida bastante próximas até das minhas. Além disto, verifiquei também que, apesar de estar activo desde 2003, o seu blog tem posts, que na maioria, não estão comentados. O seu último e derradeiro post, no entanto, tem vários e numerosos comentários dos seus amigos despedindo-se e fazendo-lhe uma última homenagem. Eu não escrevi nos comentários, faço-o aqui. Nem sei se alguém daqui vai ler isto, mas também não interessa, pois está aqui o meu post para ele.
A minha indignação mais profunda vai para isto, porque tem de morrer um amigo para lhe dedicarmos umas palavras! Para lermos o que escreve! Se fosse eu, a culpa seria inteiramente minha. Nunca falo do meu blog a ninguém com medo que pareça mal, arrogante, manienta a querer fazer-me melhor que os outros. Mas este não é o problema, a questão reside no facto de que se eu tivesse sabido do blog deste individuo antes daquele momento, eu própria teria pensado assim. Merda de juízos de valor estes nossos, que tecemos sem dar por isso.
Além de uma amiga, uma prima e o meu próprio marido, mais ninguém sabe do meu blog. De resto, são pessoas que passam aqui por virem reencaminhadas de outros blogs que visitam. E porquê? Porque não divulgo, porque não me quero expor, porque tenho vergonha, embora abra a boca e diga para o vazio tudo o que me vai na alma!
Adeus e até sempre Aldino. Sempre que eu abrir o teu serra mãe.
É pelo sonho que vamos.
Desculpa a arrogância!

terça-feira, 10 de março de 2009

Quem me manda a mim...

... estar a queixar-me e a arranjar pretextos para não celebrar dias comerciais?!
Toma lá que é para aprenderes tola. Agora todos os fins de semana tens uma festa de putos xarilas e tens de levar o teu até lá, esperar umas horinhas e, depois, ir buscá-lo outra vez. TOMA!
E como se não chegasse a azáfama, vai lá gastar mais uns euritos em
GORMITIS

BIONICLES

e, POLLY POCKETS

...que até andas nas horas!

segunda-feira, 9 de março de 2009

Na semana dos 50 anos da Barbie...


... aqui falamos da Tucha!
Eu tive uma, que já deve andar às voltas numa lixeira qualquer, pois acho que aquele plástico não era biodegradável! A imagem foi tirada da net.
Lembram-se meninas?!
Havia também a amiga Tita, mais pequenita e loirinha...
Vá, quero comentários.

sexta-feira, 6 de março de 2009

O dia e a mulher

Mais uma vez, fui convidada para um jantar / almoço / lanche / convívio no dito dia internacional da mulher. Eu, mais uma vez, recusei.
Não me convidem para encontros de gajas neste dia, porque é o dia blá blá blá, que eu não aceito. Não celebro este dia, recuso-me ao ponto de que, se fosse feriado, eu acampava à porta do local de trabalho. OK posso até aceitar se, e apenas se, for eu a escolher o tema de conversa ( até estou a imaginar as caras das mocinhas). E os temas possiveis são: as sufragistas ou luta pelos direitos das mulheres.
Brincadeiras à parte, só vou celebrar este dia e aceitá-lo como dia internacional da mulher: quando, por exemplo, em Portugal as mulheres operárias, e outras profissionais, tiverem direito a salário igual por desempenharem as mesmas terefas que os seus colegas homens;
quando as indianas deixarem de casar com dote e tiverem o direito de levar uma gravidez até ao fim, mesmo que seja a 5ª rapariga que estão a gerar;
quando os chineses não abandonarem as suas filhas na rua como um papel amachucado à espera que alguém as leve sem interessar para onde;
quando em todo o mundo as meninas deixarem de ser mutiladas sexualmente por razões que a própria razão desconhece;
quando as mulheres puderem dizer NÃO sem que os homens achem que estão a dizer sim;
quando deixar de haver tráfico sexual branco, vermelho, amarelo, preto;
quando as mulheres do islão puderem estudar, decidir, andar de cara à mostra, andar ao lado do marido, votar sem pressões;
quando os casamentos por conveniência decididos pela familia acabarem;
quando as católicas puderem tomar a pilula, abortar e usar preservativo de livre vontade;
quando meninas como aquela do Brasil, e a respectiva equipa médica, não forem mais excomungadas pela igreja, por abortar aos nove anos após violação recorrente desde os seis( eu chamo um acto de caridade);
quando não houver violência sexual como resultado da guerra, como no Darfur;
quando o mundo for um lugar melhor para as mulheres e para os homens, que elas põem no mundo...
Se eu ainda for viva nesse dia, aí sim eu vou celebrar o dia de gerebera na mão. Até lá, lamento, mas estamos fechados para balanço.

terça-feira, 3 de março de 2009

Os bandidos e a canção

É incrível a quantidade de vezes que a ouvi. Umas vezes entrou no ouvido e ficou a tocar dias, meses, anos a fio. Outras, não entrou e tive mesmo de mudar de disco, pois, já não conseguia ouvir mais a mesma cantiga. On and on. Falo da cantiga que os homens sempre usaram para levar a água ao moinho. Há de todos os tipos desde melodiosas a puro ruído e, para a cantar basta abrir a boca mesmo sem viola ou concertina ou até sem saber cantar. Os temas também são variados e podem ser divertidos - vamos saltar ao pé cochinho - ou pérfidos - a minha mulher é muito doente...
Com o aproximar do dia 8 de Março e o aumento do preço das flores, as marcações de jantares parvos e alteração de ladies' night de quarta para domingo à noite, é tempo de as mulheres se perguntarem a pergunta: O que é que queremos deles? O que é que queremos realmente deles? Queremos que se continuem a escudar atrás da dita cantiga e a inventar um mundo que não existe para nos encantarem, ou, por outro lado que sejam o que são e que venham de mãos abertas, palmas viradas para cima e prontos a serem homens plenos de amor e sentidos. Querem as mulheres continuar a receber flores uma vez por ano e/ou no dia seguinte a terem levado com o vaso na cara, ou, por outro lado, a ser tratadas como flores todos os outros dias.
Antes de começarem a abrir a janela dos comentários, ainda tenho algumas indignações para despejar, assim, como a razão que leva uma mulher a encolher-se ao lado do companheiro de cada vez que ele lhe chama estúpida à frente de qualquer um. Que cantiga terão elas ouvido do seu príncipe bandido cantor encantador de mulheres, que as fez ficar ali a apaparicá-los até mais não sem se olharem de frente e se fazerem a pergunta, o que quero dele?
Mesmo tendo ouvido a dita cantiga muitas vezes, e de muitas vezes ter caído por ela e pelo cantor, sempre soube o que queria e nunca parei de lutar até encontrar o da voz que cantava em sintonia com o meu ouvido. Ninguém percebeu nunca o que fiz ou porque o fiz, mas consegui chegar aqui e posso dizer que partilho o meu espaço com um igual que me trata de igual para igual e que acompanha o meu raciocínio e me admira. Ninguém disse que ia ser fácil e não foi, mas daqui em diante vamos continuar a cantar à capela, mesmo desafinados mas não fora de tempo.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Não me apetece.

Não me apetece ler, comer, escrever, pensar, andar, conduzir, trabalhar, falar, querer, ir, ver, dormir, estar acordada, ouvir música, ouvir falar em política, falar ao telefone, vestir roupa preta ou branca ou de qualquer cor, ter dores de cabeça, cortar o cabelo, deixá-lo crescer, ver os outros, limpar, sujar, apanhar o meu primeiro pifo, ter sapatos roxos, lembrar, esquecer, cozinhar, coser, bordar, vestir meias pretas.
TPM

domingo, 1 de março de 2009

A semana

Momento alto da semana: descobrir que comprei uma mala igual à das lojas da moda, com melhor aspecto, mas alguns consideráveis euros mais barata.
Momento hilariante da semana: as perguntas feitas pelo médico na consulta de medicina no trabalho "Quanto mede? Quanto pesa? Vê bem? Ouve bem? Sente-se bem? Costuma faltar ao trabalho?"; e eu "Vão fazer colheita de urina?"; eles "não, porquê?"
Momento freak da semana: saí de casa de meias verdes e camisola azul, fui comprar umas pretas para não destoar... já lá vai o tempo em que saia de meinha verde alface à rua sem peias.
Momento analítico da semana: afinal o que é o enterro do bacalhau?
Momento ah deve ser isto que faz com que não consiga escrever grande coisa durante tantos dias seguidos: vou trocar a cadeira, pois tenho inspiração e ideias para posts em todo o lado menos quando me sento aqui... na cadeira vermelha. Será da cor? De estar virada a norte! De estar a chover?
Therapy needed...