domingo, 8 de fevereiro de 2009

Maternidade

Há cinco anos estava em trabalho de parto!
É incrível como nunca mais esquecemos o parto e somos incapazes de registar a concepção.
Foi uma noite sem grandes embaraços ou esperas intermináveis em quartos escuros de hospitais, pois, fiquei em casa até à última. Durante as aulas de preparação para o parto fomos assim preparadas uma vez que, sem se rebentarem as águas o bebé está bem, por isso, não é necessário ir a correr para o hospital. Não nasce logo à segunda contracção. Pois não!
Começou tudo pelas seis da tarde e prolongou-se durante a noite e nas 24 horas seguintes. Sim, 24 horas de trabalho de parto em que o corpo cede e ganha outra vida como se estivesse submetido a uma máquina de tortura que puxa empurra e torce os ossos das ancas e das pernas. Chorei, disse palavrões (sozinha pode-se), tomei banho quente, vi todos os programas de televisão que havia para ver, até não aguentar mais e acordar o marido para que me levasse ao hospital por volta das 7h.
Escusam de estar já de olhos arregalados, porque fui eu, sim eu, que o mandei para a cama dormir, para depois me poder levar ao hospital e esperar com uma noite dormida em condições.
O facto de o bebé ter nascido de cesariana e eu ter tido a sensação de estar a enlouquecer durante o trabalho de parto e de ter lá aparecido uma enfermeira belga com quem falei em inglês não interessa nada. O que é importante é que aquelas vinte e quatro horas foram um ponto de viragem na minha vida. Sou filha única e estar sozinha era para mim já uma condição. Gosto da solidão, do silêncio, da quietude, da calma, do escuro, e, depois daquela noite nunca mais estive sozinha. Ele passou a fazer parte da minha vida e de todos os seus minutos e segundos. Às vezes pareço enlouquecer com tanta companhia, mas os seus abraços e a frase "gosto de ti" dita espontâneamente por volta dos dois anos e meio apagam toda a exaustão que sinto.
Há cinco anos só o conhecia de fotografia a duas dimensões, e acreditem ou não, era exactamente o que eu imaginava.
Na barriga tinha soluços, no cinema ficava muito quieto, na cama também me acordava com aqueles sonhos em que parece que vamos cair( sim os fetos têm estes sonhos e dão saltos), passeávamos todos os dias a pé, dava-me uma azia daquelas e prisão de ventre como nunca mais conheci.
Cá fora tem sido vê-lo crescer todos os dias, tratar-lhe da febre e das feridas, mimá-lo quando está triste, ralhar com ele quando desobedece. Nunca mais houve sossego mas não trocava por nada esta agitação.
Obrigada por teres vindo e teres mudado tudo para vários tons de amor.

1 comentário:

  1. Lindo, Ni. Um abraço apertado e, já hoje, os maiores Parabéns e votos de Felicidade Infinita, para a família linda que tens

    ResponderEliminar

Já que leste o texto e viste as imagens, agora só falta comentar. Vá lá, a princesa gosta de saber a tua opinião.